sábado, 11 de junho de 2011

Teatro - Enquanto isso...

A peça “Enquanto Isso...” de Alan Ayckbourn e tradução de Isser Korik, que está em cartaz no teatro Folha, no shopping Higienópolis, de sexta a domingo, traz ao palco o formato trialógico, presente em livros e filmes, mantendo vínculos entre as três, e ao mesmo tempo, sem impedir a compreensão do telespectador em assistir apenas uma. Porém não tem como contentar-se com uma apenas. Os pequenos detalhes apresentados em cada trama interligando uma a outra, aguça a curiosidade de assistir as outras duas.


Cada dia a peça é encenada em um cômodo da casa(Sala de Estar, Sala de Jantar e no Jardim), cada qual com um enredo e final diferente, tratando de forma bem humorada as relações existentes em família, com enfoque de um tema não esperado no vinculo familiar: o adultério entre cunhados. Ninguém gosta de ser traído, muito menos por pessoas próximas, mas é a própria traição entre cunhados que gera as situações engraçadas.




Nilton (Eduardo Reys) trai sua esposa Júlia (Júlia Carrera), com sua cunhada Aninha (Bruna Thedy) no natal passado e quer reviver esse caso passando um final de semana em Mogi das Cruzes. Para isso, chamou seu cunhado Celso (André Corrêa) com a esposa Laura (Einat Fabel) para cuidar da sogra e assim poder viajar com Aninha. No entanto, tudo sai errado, Aninha desiste e todos descobrem e passam a discutir o caso que exite ou existiu entre os dois.




Entre brigas e situações hilárias, a trama se aproxima muito de uma reunião de família na vida real, quando todos querem dar palpite na vida dos outros e tudo se torna uma confusão. Não é difícil associar um personagem piadista e engraçado, o estressado, o convencido, o chato e o meio lerdo com algum parente.




Em “Sala de Estar” um ponto de vista interessante colocado por Ayckbourn na peça é como a esposa traída trabalha o deslize do marido, principalmente por envolver um parente próximo a ela. Mesmo ciente, ela reconsidera não só a traição, mas o comportamento de Nilton, não por amá-lo, mas por ser a atitude mais sensata a ser tomada para manter o casamento, apresentando a mulher esclarecida que é.




A inovação de trabalhar o mesmo tema em três ângulos interligando um ao outro, unido a percepção e competência de Ayckbourn ao incorporar um assunto delicado e ao mesmo tempo banal para dentro do espaço sagrado que é a família, tornando-o cômico, adicionado a interpretação dos atores, torna a peça um “achado da dramaturgia”.

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