sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ajuda.

- Moça, por favor, você tem 1 Real para me ajudar?

Foi assim que um menino de aproximadamente 10 anos, roupas velhas, tênis surrado, cabelos cacheados e olhos claros, me abordou no shopping. Um garoto bonito, mas que tinha em seu semblante os traços sofridos da desigualdade.

Um garoto pedinte no Shopping?

Isso mesmo! No shopping.
Onde chegamos? Digo isso não com ar de desprezo e indignação, mas como uma contradição que o local proporciona.

A situação de ter alguém pedindo dinheiro no shopping não é nada engraçada, mas o momento em que eu vivia sim.

Eu estava sentada, lendo o livro de Marshall Berman - Tudo que é sólido desmancha no ar. Este livro fala dos sentidos da modernidade e vou destacar uma frase que li para explicar o fato vivido com o garoto pedindo ajuda.

" Tudo é absurdo, mas nada é chocante, porque todos se acostumam a tudo"

Gostei do que aconteceu comigo, pois percebi que a desigualdade existe em qualquer lugar, e que aquele símbolo da modernidade, onde temos a sensação de segurança, mesmo que momentânea, esquecendo por instantes o mundo triste que existe, para olharmos o mundo bonito que o capitalismo proporciona, aos poucos vem a ser invadido pela realidade que nós mesmos contribuímos.

Infelizmente, não pude ajudar o garoto e como outras pessoas, tive que dizer “não tenho” , pois como uma boa cidadã sugada pela tecnologia dos sistemas modernos, o único dinheiro que eu carregava estava nos dois cartões eletrônicos de transporte público.

Ressalto aqui o fato de só ter os cartões de transporte público, porque estes cartões são elementos da modernidade. É difícil alguém carregar dinheiro ultimamente. Carregamos cartões no bolsos e só gastamos em ambientes que possuam sistemas de cartão, caso contrario, ficamos chupando o dedo, que foi mais ou menos o que ocorreu com o garoto pedinte.

Os cartões são um avanço da humanidade que faz parte do mundo moderno. É uma tecnologia que por um lado é benéfico, pois quando somos assaltados, basta procurar um telefone para cancelar tudo. Porém, quem não faz parte deste sistema, é excluído da sociedade.

Portanto, como podemos mudar a sociedade, se somos frutos do que plantamos?
Queremos a modernidade, nos tornamos indivíduos e individualistas, lutamos para viver em um sistema e excluímos quem não faz parte dela. Reclamamos da má administração do país, mas indicamos e aceitamos políticos corruptos no poder.
Nos sensibilizamos com a miséria e desgraça alheia, mas não movemos um dedo para mudar isso.
É assim que vivemos. "Tudo se torna cômodo, desde que não invada o nosso quintal.”

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tudo para com a chuva.

Sei que alguns telejornais rezam para que chova, e assim ,eles terem notícias as quais todos já sabemos. Quando chove tudo para!

Eu também aguardava com ansiedade a chuva, mas não porque eu não tinha um assunto a comentar, mas porque minha renite, sinusite e outros " ites" da vida precisavam de um arzinho melhor.

Porém o motivo do meu post é para ir contraditóriamente ao que disse anteriormente :" Quando chove, tudo para". Exceto nós.
Os compromissos não esperam a chuva dar uma trégua e como não temos escolha, nos metemos em trânsito, ficamos com os pés encharcados, meias e pernas molhadas, guarda-chuvas voando e muito vento na cara.
Ficamos em filas de banco esperando por 1 hora o sistema que parou voltar e assim pagarmos as contas. O metrô reduz a velocidade e nós suportamos o calor que o ar condicionado não consegue suprir, parecendo sardinhas enlatadas, respirando o ar de todos. O melhor é quem desce na estação Itaquera. Dentro do terminal tem tantas goteiras que nem sei se chove mais do lado de fora ou do lado de dentro.

E quando conseguimos chegar ao tal compromisso, já é tarde demais. Todo o sacrifício foi em vão. Fazer o quê? O que nos resta é enfentar tudo de novo para chegar em casa.

É! Nem tudo pode ser perfeito!




e se você tiver um carro, parabéns por um aldo e meus pesames por outro, pois quem tem carro enfrenta o transito infernal da cidade, mas pelo menos está em um ambiente sem pegar vento e chuva na cara.